Caçador de pedras - Debutando o Apedeuta

domingo, 17 de setembro de 2017

Caçador de pedras


Sempre pensei que em momentos solitários eu seria a minha melhor companhia, e por mais que isso soe redundante e mesquinho eu realmente acreditava nisso, tentando me enganar para que pudesse sofrer e achandoo que isso de alguma forma me faria uma pessoa melhor do que era antes. Sentimento de solidão quando se está sozinho é algo comum e de certa forma adaptativo, mas e quando estamos rodeados de pessoas a todo momento, amigos, familiares, colegas, pessoas que aparentam se importar com o nosso bem estar e mesmo assim o sentimento de vazio é o mesmo? Quando o toque de outro ser humano nada difere do toque de um objeto inanimado? Quando o beijo extremamente carnal nada evoca em sentimentos ou emoções? Creio que não tenha a ver com o passado ou o futuro e muito menos com os frutos de se pensar nisso.
Motivo para viver tenho muitos, mas não me considero um pensador do positivo, sem contar que também não levo jeito para Schopenhauer. Então eu fico nessa lacuna, e nessa lacuna não existem rótulos, se existissem também não fariam diferença pois acabariam rotulando meu modo de pensar e não meu pensamento em sí. Meu pensamento, esse com certeza viaja, querer estar com alguém, tocar, acariciar, amar... Isso eu consigo sentir. MAS QUEM ? Eu não sei quem é. Sei como se porta, como fala e como pensa, MAS QUEM É ? Será que é mais uma personagem que criei na minha cabeça e ela começa a ter vida ? Não seria a primeira! Não, dessa vez será real e vou explicar porque.
O mundo de cada pessoa é uma projeção de suas vivências e expectativas nos objetos observados, fazendo com que os objetos tomem formas diferentes de acordo com cada observador. Uma pessoa sendo objeto de um observador que projeta e assim dá significado a essa pessoa, pode ser qualquer coisa para o observador, apenas dependendo dele atribuir significado para sí dessa pessoa observada ( e uso o “para sí” pois tal significado só tem valor ao observador, o observado não absorve a projeção, ao menos não nesse primeiro momento). Assim sendo volto ao parágrafo anterior onde falava da minha personagem, ela é um padrão, como se cada mulher que eu encontro fosse um pedra bruta ao qual meu olho lapida ao passo que encontra a maneira que ela se porta, como ela fala e como ela pensa, e assim projeto mais uma vez no objeto observado e a partir dai o objeto observado passa a ter um significado para mim, e nenhuma outra pessoa no mundo a verá como eu vejo. E esse padrão de pensamento que encontrei em mim, não se atem a mulheres, ele se coloca em cada relação humana, para com outros, para comigo, para com situações...
Recentemente encontrei uma pedra bruta, a projeção foi instantânea ( ao menos a tentativa) não encontrei nada daquilo que achava saber, encontrei coisas diferentes e melhores, novas formas de se portar, novas formas de falar e de pensar. Que maravilhosa surpresa, partindo do princípio que eu encontrei aquilo que eu projetei no objeto observado, a minha projeção mudou (ou então meu modo de observar), eu mudei. Descobri que para mudar os outros, assim como o ambiente ao nosso redor, primeiro precisamos mudar a nós mesmos.
Não me sinto mais sozinho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário