Sociedade fóbica - Debutando o Apedeuta

domingo, 17 de setembro de 2017

Sociedade fóbica


Quando saio e me deparo no meio de uma multidão, me sinto mais solitário do que se estivesse sozinho, trancado em meu quarto ouvindo o barulho do ventilador girar, não girando a ponto de fazer um vento que me refresque e tire esse desconforto que o calor gera em meu corpo, quase que uma angústia, mas girando a ponto de produzir um mantra que me ajuda a esquecer aquela solidão que o silêncio também trás e por fim durmo. Acabo usando até mesmo no inverno por mero costume, enrolado em minhas cobertas .
No escuro observo o nada que existe dentro de mim, nem pensamentos passam por minha cabeça, me perco e quando volto a pensar já não sei se estou dormindo ou acordado de olhos abertos ou fechados, ou até mesmo se estou vivo- que besteira é claro que estou vivo- e com esse pensamento consigo me mexer, me virar, quase que relutar contra eu mesmo; E então começa a insônia onde os pensamentos aceleram: os livros que preciso ler para deixar de ser tão ignorante, as palavras que preciso deixar de proferir para deixar de ser tão mesquinho, por achar que minha opinião é mais certa que a da pessoa ao qual estou discutindo certo assunto.
Logo aparecem os planos que não deram certo, os que estão a meio caminho andado mas eu sei, que por uma série de fatores aleatórios tendem a não se concretizar,  passo a pensar no que me é permissível interferir, BOOM, agora aqueles que já deram certo, são bastante eu não vou negar, mas mesmo que eles existam, porque deveria eu os considerar como vitórias? São somente o básico que qualquer ser humano poderia alcançar.  Volta a angústia e o sentimento de que nada que faço é realmente importante ou especial e me vejo como mais um número, uma máquina que transforma O² em CO². Eu sei que me falta fé, eu peco em não acreditar em coisas, seres ou pessoas sem ter provas, e não é por desilusão passada que penso assim, simplesmente não consigo, um pé sempre fica atrás, assim eu me equilibro afinal prefiro levar o golpe pois sei como me levantar, do que ver alguém levando e não poder fazer nada pra ajudar, e isso só me gera desconforto. Então vem o quesito empatia, pouco tenho, até com os que me são próximos.
Se o mundo de alguém cai, eu me ponho sim no lugar da pessoa mas ao invés de pensar “coitado”, eu penso “ bom, aconteceu isso, então farei aquilo e aquele outro e logo essa dor passará”... Acho que permanecer na tristeza me ensinou a conviver com isso de forma harmoniosa. Não espero sempre o pior em cada decisão tomada, mas se acontecer não seria o fim do mundo, tudo tem um jeito, uma saída, talvez doa mas seria assim uma dor necessária.
Então eu sinto ou não sinto ? Mas o que é sentir? A falta de um “sentir” também não se enquadra em sentir algo ? A dicotomia de estar bem ou estar mal é muito simples pra se usar na hora de descrever a vida de alguém. Quando a gente pergunta como nosso vizinho está e ele responde que está bem, ele realmente pode estar bem pelo simples fato de hoje estar melhor que ontem, mas não necessariamente que ele se sinta bem referindo-se a conforto ou bem estar ( menos ruim talvez se encaixe melhor). Detesto essas perguntas simples e diretas que a resposta é tão complexa que acaba se manifestando em um simples “ estou bem” isso não é justo. Então penso no tempo, quanto poderei descansar se dormir agora e acordar para trabalhar? 2 horas ? é o suficiente! Mas eu não durmo porque penso no tempo, tempo que me falta pra ler tudo aquilo que me falta, tempo pra poder escrever tudo aquilo de que gosto, tudo aquilo de bom que penso, e no final quando penso em ter tempo pra escrever, só escrevo quando não deveria ter tempo e somente aquilo de que não gosto. Desculpe.

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